Jiboia flagrada em ‘banho de sol’ tem nome e rotina acompanhada por estudantes na UFMS; VÍDEO
16 de maio de 2023

Universidade tem projeto que acompanha a rotina de serpentes no campus de Campo Grande.

Uma jiboia de aproximadamente 2 metros foi flagrada por acadêmicos da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) durante um banho de sol, em um galho de uma árvore em frente ao laboratório do bloco de engenharia ambiental.

Esta não é a primeira vez que o animal “faz pose” para as câmeras. De tão conhecida, a serpente ganhou até um nome: Clotilde. Assista ao vídeo acima.

Vinícius Souza Costa Fernandes, de 23 anos, acadêmico de Engenharia de Produção, foi quem avistou o animal e logo tratou de registrar o momento nesta segunda-feira (15).

“Foi a primeira vez, tinha visto apenas as capivaras e jacarés próximos ao Lago do Amor, mas eu estava com uma amiga que disse sempre ver. Achei bem inusitado, bonito de ver de longe, na árvore, mas medo que ela estivesse no chão”, contou.

Prazer, Clotilde!

Clotilde já foi flagrada por vários estudantes e funcionários da UFMS. — Foto: Arquivo pesoal

Clotilde já foi flagrada por vários estudantes e funcionários da UFMS. — Foto: Arquivo pesoal

A serpente, que não é venenosa, é conhecida carinhosamente como Clotilde, nome dado pela auxiliar de limpeza, Jurema Amaral, que trabalha há 15 anos na UFMS e “convive” diariamente com a jiboia.

“Eu olhei para ela e escolhi um nome diferente, porque nunca vi nenhum bicho com esse nome. Acho que ficou bom, porque cada bicho tem o seu nome né, fica algo único”, explicou a escolha.

Pontualmente, às 5h20, segundo Jurema, a “amiga serpente” marca presença nas árvores próximas ao bloco de engenharia para tomar o primeiro banho de sol do dia, e por ali fica, até sumir entre a vegetação e aparecer novamente.

Cena virou rotina de respeito entre a espécie humana e o reino animal. “Eu fico tranquila, porque ela não é venenosa. Mas ninguém vai lá cutucar ela, ninguém se incomoda com ela, porque ela fica lá quietinha, não vai para os prédios, né”, relatou ao g1.

Rotina da cobra

Vídeo gravado por Jurema registrou Clotilde um pouco mais de perto — Foto: Arquivo pessoal

Vídeo gravado por Jurema registrou Clotilde um pouco mais de perto — Foto: Arquivo pessoal

Thaysa Mirelly, amiga de Vinícius, contou ao g1 que também já se acostumou com as visitas de Clotilde, que aparece quase todos os dias nos galhos da árvore em frente ao laboratório em que a acadêmica de Engenharia Ambiental estuda.

“A gente vigia ela da janela, que ela tem horário para tomar sol, de manhã, na hora do almoço e de tardezinha. Agora mesmo eu estava olhando pra cara dela. De vez em quando a gente até faz uma excursão do laboratório para quem não conhece”, disse rindo.

Entre Thaysa e Jurema, o respeito à Clotilde é regra. “Ela nunca fez nada, tá ali no canto dela, só tomando sol e digerindo alguma coisa. Depois ela dá uma sumida, para comer alguma coisa, eu acho, aí volta e fica ali, principalmente horário de sol”, contou Thaysa em meio a risadas.

Atenta aos movimentos de Clotilde, Jurema até desconfia que a moradora da UFMS esteja preste a ter filhotes. A gente acha que ela tá com algum filhote, porque ela deu uma sumida, mas a gente não viu ainda”, contou.

Cuidados da UFMS

O Laboratório de Pesquisa em Herpetologia/INBIO (LPH-UFMS) da UFMS usa as redes sociais para alertar e conscientizar acadêmicos e a população externa sobre as serpentes e outros animais, justamente para que as pessoas saibam como agir e, acima de tudo, respeitem o equilíbrio ecológico.

Através da postagem, o Laboratório pede “Não mate! As jiboias não são peçonhentas, desempenham um importante papel ecológico e contribuem para o controle natural de roedores e pombos. Seu apoio é muito importante”.

Caso você aviste uma serpente, como a jiboia Clotilde, você pode acionar o LPH-UFMS pelo Instagram (@lph.ufms) ou pelo telefone (67) 3345-7341.

Sobre a serpente

A jiboia é reconhecida como a segunda maior espécie de serpente do Brasil, ficando atrás somente da sucuri. O animal se encaixa na família Boidae, onde se encontram as maiores serpentes do planeta, e tem o nome científico de “Boa constrictor”.

Reconhecida pelo tamanho, o réptil pode até assustar logo de primeira, mas não está entre os mais perigosos aos seres humanos quando se tratar de veneno, já que tem possuí dentição “áglifa”, ou seja, não é especializada na inoculação de peçonha. Para matar as presas, a jiboia costuma imobilizá-las usando a força potente de sua musculatura.

Atualmente, as jiboias são classificadas em 11 subespécies, dessas, apenas duas estão presentes no território brasileiro, a ‘”Boa constrictor amarali” e “Boa constrictor constrictor”.

Por Isabelly Melo, g1 MS

0 comentários