Audiência na Câmara discute os impactos da insegurança nas escolas para os profissionais de educação
4 de abril de 2023

Diversas autoridades e membros da sociedade civil marcaram presença na Audiência Pública realizada na tarde desta segunda-feira (03) na Câmara Municipal de Campo Grande para discutir medidas de prevenção à violência nas escolas para os profissionais de educação. O debate foi convocado pela Comissão de Educação e Desporto, composta pelos vereadores Prof. Juari (presidente), Valdir Gomes (vice-presidente), Beto Avelar, Professor Riverton e Ronilço Guerreiro.

Vereador Valdir Gomes, membro da Comissão, reforçou a importância da classe presente no debate. “Vocês diretores que estão aqui, sabem melhor do que nós que estamos sentados aqui, a dificuldade que está a segurança nas escolas. A presença do guarda nas escolas impõe respeito. Falta segurança sim! Estão todos acuados, diretores e professores. Essa segurança é pra hoje, não amanhã. Temos que ter uma solução maior para mostrar que a escola não está sozinha”, pontuou.

A palestrante Eliane Castro Villasanti, graduada em história, discorreu sobre o tema da audiência. “O chão da escola é o que faz a educação desse país. È um esforço social e coletivo para que possamos construir valores significativos de uma sociedade democrática na educação de nossas crianças. Não só a escola, mas toda a sociedade, incluindo a família com participação nessa construção das novas gerações. A escola é hoje uma instituição de referência para a sociedade pois ela marca uma estabilidade social no seu funcionamento”.

Onivan de Lima Correa, Coordenador- Geral do Fórum Estadual de Educação de MS, frizou que os problemas que chegam a escola, são oriundos de diversas camadas sociais. “Na escola isso irá gerar violência, através do que o aluno vive com a família, da relação que ele tem na sociedade. A violência no espaço da escola não vem de forma isolada, surge muitas vezes de fora. Problema com droga, ou psicossocial, com a família, enfim. Temos que estimular a questão de respeitar as diferenças. Fazermos debate, a cultura da paz, construindo um espaço que seja o bem estar do docente, do gestor, do administrativo, pessoas que atendem essas crianças e resolvem os conflitos. Pensar uns nos outros, em uma escola inclusiva”.

O Secretário Municipal de Educação, Lucas Henrique Bitencourt, contou ações da SEMED com relação a prevenção nas escolas. “Temos o Programa escola segura e forte, o projeto PROERD, palestras com a guarda municipal, programa de valorização a vida, projetos de acolhida e ainda agora implantaremos projeto de prevenção sinistro e atentado”, contou. “A segurança no ambiente escolar, é fundamental para o bem estar dos alunos, para a tranquilidade dos pais e responsável pelo processo de ensino aprendizagem. A escola ocupada um espaço central na formação das crianças, pois é ali que acontece de fato o ensino. Muito mais do que ensinarmos é buscarmos essa conscientização, intensificar ações para tranquilizar os diretores, sermos ponte e dar suporte a todas as escolas, para assim sermos referência nacional”, finalizou.

Destacando a atuação da SED na atuação preventiva, a gestora da Coordenadoria de Psicologia Educacional da Secretaria de Educação de Mato Grosso do Sul, Paola Lopes, esclareceu o papel social da escola e seus direitos e sobre a violência e suas consequências. “Nós da SED entendemos que a escola faz parte da rede proteção de crianças e adolescentes. Temos desenvolvido ações com prevenção das situações de violência: o projeto escola segura família forte, vídeo monitoramento das escolas, nas coordenadorias temos psicólogos e assistentes sociais, dentre outros. Por fim, precisamos articular juntos com a segurança pública, os caminhos dessa busca. Escolas são pessoas”, finalizou.

Para o vereador Ronilço Guerreiro, “o lugar onde não tem atrativos culturais, a violência vira espetáculo. Não vamos culpar só a violência, mas o porque da violência. Vamos trazer cultura, trazer livros, teatros e músicas nas escolas. Pensar no ser humano, fazer um trabalho de time: professores, diretores, psicólogos, assistentes sociais, clube de mães, associação dos bairros, enfim, trazer para os bairros a cultura e o lazer. Esse é o meu apelo. Todos nós aqui, autoridades, temos grandes poderes então grandes responsabilidades. Vamos em busca”, pontuou.

Para o Vereador Betinho é de suma importância a participação dos psicólogos e assistentes sociais dentro das escolas para ajudar na maior parte dos problemas das escolas. “Hoje a carência do âmbito familiar é muito grande, e isso vai parar nas mãos dos professores. Então estamos nessa luta para propor e começar a contratar esses profissionais. Deixo como encaminhamento a porta giratória nas escolas, o detector de metal”, encerrou.

Representante da comissão da OAB nas escolas, Dr. Alice Adolfo, explicou que, “o ambiente escolar está sofrendo em virtude da falta de valores no ambiente doméstico. Os pais estão delegando para os professores algo que não é função deles. Precisamos de solução imediata e a longo prazo. A imediata seria conter a violência, seja guarda nas escolas ou câmeras, amadurecer isso e a longo prazo seria construir uma ideia de valores nobres nas crianças, trazer de volta as virtudes da ordem, do pudor, sem proibir as coisas. Precisamos acolher a diversidade”, contou.

Gilvano Kunzler Bronzoni, Presidente do Sindicato Campo-Grandense dos Profissionais de Educação Pública, explicou a situação da segurança pública nas escolas hoje. “O executivo tem que oferecer segurança pública nas escolas. Temos um gasto considerável por isso. Não dá pra estarmos na escola, desprotegidos, sentindo que ninguém olha pelo professor. O papel da ACP é zelar pela valorização da escola pública. E não tem valorização com insegurança. A escola está triste, o professor está desvalorizado. Todos os poderes tem suas atribuições e podem fazer”, disse.

Maria Lucia de Fátima de Oliveira, Presidente do Conselho de Diretores e Diretores-adjuntos da REME, desabafou sobre a situação e o resgate do respeito nas escolas. “Nós precisamos de pessoas dentro das escolas que propõem políticas públicas para os nossos adolescentes que estão nos bairros, perdidos. Muitos de nós temos que não só acolher, mas adotar os alunos as vezes, porque a família lava as mãos e ficamos para poder cuidar deles. Precisamos reverter toda essa insegurança, nesse apoio e acolhimento que temos que fazer nas nossas unidades escolares. Precisamos sim voltar a identificar os valores e a consciência do respeito dentro do ambiente escolar”.

Anderson Gonzaga, Secretário Municipal de Segurança e Defesa Social, apresentou a relação de números de guardas com o número de escolas. “Estamos de maneira estratégica fazendo um levantamento, iremos nos próximos dias colocar monitoramento eletrônico em 59 escolas, colocando a presença do guarda diurno, fazendo acompanhamento com os diretores e na segurança da escola. Nossa maior clientela é educação e saúde. Temos 1100 guardas efetivos. 205 unidades da educação. Se formos colocar nas 205 precisaremos de 900 guardas. Devemos trabalhar de forma estratégica, colocar guardas no período diurno e ainda monitorar. Podem contar com a guarda no que for preciso iremos correr atrás e solucionar”, disse.

Ao final, foram lidos os encaminhamentos. “A Casa de Leis abriu esse espaço para o debate e os encaminhamentos se fazem necessários. O primeiro encaminhamento é sobre a manutenção da guarda municipal nas escolas, a volta deles. O segundo é sobre a valorização dos professores e servidores, continuar essa luta. O terceiro é montar um plano por escolas para tratar as especificidades. Agradeço a todos pela contribuição e iremos encaminhar e buscar cada vez mais dar segurança a todas as pessoas, escolas e servidores do município”,  encerrou o vereador Prof. Juari, presidente da Comissão e proponente do debate.

Assessoria de Imprensa da Câmara Municipal

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